INVENTÁRIO DAS ÁRVORES NAS CALÇADAS DO

BAIRRO DO CENTRO, SÃO BORJA/RS


Aqui serão apresentados as informações sobre arborização urbana

E os resultados alcançados no Inventário

O QUE É ARBORIZAÇÃO URBANA?

Segundo a Organização das Nações Unidas, as florestas urbanas podem ser definidas como redes ou sistemas que compreendem todas as florestas, grupos de árvores e árvores individuais localizadas em áreas urbanas e periurbanas; incluem, portanto, florestas, árvores de rua, árvores em parques e jardins e árvores em esquinas abandonadas (FAO, 2016). Portanto, podemos considerar a arborização urbana como toda a vegetação lenhosa urbana que circunda e envolve os aglomerados urbanos desde pequenas comunidades rurais até grandes regiões metropolitanas (MILLER, 1997). São árvores urbanas aquelas localizadas em vários ambientes da cidade, como:

  • nas ruas, onde são árvores de propriedade pública que crescem na faixa de domínio público ou em uma servidão, geralmente entre a calçada e o meio-fio, em canteiros de avenida e ao longo de ruas sem calçadas e meio-fio.
  • nos parques, que são áreas verdes públicas ou privadas.
  • em lotes edificados ou não de propriedade pública ou privada (órgãos públicos, empresas, entidades sociais, residências, etc.).

O QUE É UM INVENTÁRIO DA ARBORIZAÇÃO URBANA?

De acordo com Araújo (1992), um inventário de árvores de rua pode ser definido como a metodologia de obtenção de dados sobre árvores urbanas e a organização desses dados em informações utilizáveis. A rua é o local tradicional da arborização urbana, onde as árvores são plantadas enfileiradas nas calçadas, onde raramente seguem um planejamento prévio de plantio, manutenção ou legislação específica (ALMEIDA E RONDON NETO, 2010). O manejo de qualquer recurso natural começa com um bom inventário do mesmo e, por isso, não é indicado que um administrador tente fazer um plano de manejo da arborização urbana sem um inventário das árvores existentes (ARAUJO e ARAUJO, 2016; MPPR, 2018).


Os dados do inventário resultam da observação individual de cada árvore e as informações são valores agregados como total, médias, porcentagens, gráficos ou tabelas para fornecer subsídios para o manejo. Os inventários de árvores de rua não precisam ser complexos ou exaustivos nas características a serem medidas. No entanto, devem proporcionar um nível mínimo de informação, para permitir ao gestor tomar decisões de manejo inteligentes. Segundo o mesmo autor, a necessidade de inventário varia de acordo com o tamanho da cidade; o nível de serviço desejado (qualidade da gestão) e os problemas potenciais ou já existentes na vegetação urbana. Assim, podem existir inventários mais simples ou mais complexos dependendo das necessidades diferentes de manejo para suas árvores de rua.


De maneira específica, os objetivos de um inventário podem ser direcionados para fornecer um registro atualizado dos recursos; auxiliar no planejamento; subsidiar a programação; monitorar as tarefas de manutenção; e auxiliar nas tomadas de decisões de manejo, principalmente quando for desenvolvido o orçamento.


Gomes (2012) descreve que os inventários de arborização podem ser delineados para dois tipos de amostragem: uma amostragem parcial, onde são avaliados de 2 a 10% da população de árvores; ou do censo, onde são avaliados 100% da população de árvores existentes. O uso de inventário completo ou censo possibilita o registro e a criação de um sistema de controle por árvore. Cada árvore tem uma ficha, em papel ou arquivo digital, onde são registrados todos os seus dados. Nessa ficha individual podem ser registrados todos os dados biométricos da planta, os dados de sua localização exata, bem como, as ações de manutenção (podas, controle de pragas, controle de doenças, controle de erva-de-passarinho etc.), os danos causados na infraestrutura, pedestres, trânsito, sinalizações, fiações, esquinas, etc. além das reclamações e demandas de moradores. De qualquer maneira, os dados a serem coletados no inventário devem ser aqueles que forneçam a informação necessária a um custo razoável. Deve-se evitar a coleta de dados supérfluos que podem ser interessantes, mas não são essenciais (GOMES, 2012; SEMAM, 2013; SMVMA, 2015;).


Uma vez realizado o diagnóstico detalhado, é indicado realizar o plano de manejo da arborização urbana, que tem como objetivo determinar o planejamento ao longo do período de até 20 anos, considerando a taxa de mortalidade das árvores urbanas. Nesse período, as seguintes atividades devem ser incluídas no plano de manejo do Plano Diretor de Arborização Urbana:

  • a) priorizar o plano de plantio: para proporcionar uma ótima cobertura arbórea;
  • b) priorizar o plano de manutenção: determinar as atividades de manejo (poda etc.) que têm a maior urgência;
  • c) definição da política de reposição/substituição: a remoção de árvores de risco deve ter alta prioridade devido à segurança e responsabilidade civil (ações indenizatórias);
  • d) definição da diversidade de espécies e estrutura de idades: estabelecimento de novas espécies adequadas às condições urbanas;
  • e) estabelecer um programa de informação e educação ambiental: a comunidade deve saber que um engenheiro florestal ou profissional habilitado está trabalhando e com quais objetivos. Um programa ou projeto para ser bem--sucedido deve ter o apoio da comunidade;
  • f) ativar a ação de agentes de mudança: agentes e procedimento de mudança devem ser ativados para alcançar as metas e os objetivos estabelecidos.

IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO NO MEIO AMBIENTE URBANO

Embora as cidades ocupem apenas 2 por centro da superfície do Planeta, seus habitantes usam 75% dos recursos naturais existentes. A urbanização segue crescente rapidamente (principalmente nas cidades de porte médio) e até 2025, 70% da população global viverão em cidades. Desta forma, cresce o interesse em promover o desenvolvimento de cidades sustentáveis para assegurar uma melhor qualidade de vida com menos impacto possível ao meio ambiente (FAO, 2016).

Desta forma, é esperado que os administradores públicos vejam suas florestas urbanas como uma infraestrutura crucial, proporcionando benefícios tangíveis e valores que melhoram a qualidade de vida, a segurança e a saúde pública. As árvores urbanas são excelentes filtros para poluentes urbanos e partículas finas. Uma árvore pode contribuir no sequestro de carbono atmosférico e absorver até 150 Kg de CO2/ano. As árvores colocadas adequadamente em torno dos edifícios podem reduzir as necessidades de ar condicionado em 30% e economizar energia usada para aquecimento em 20 a 50%.As árvores podem diminuir a temperatura local entre 2°C a 8°C. As árvores podem fornecer alimentos, como frutas, nozes e folhas. Passar o tempo perto das árvores melhora a saúde física e mental, aumentando o nível de energia e a velocidade de recuperação, enquanto diminui a pressão arterial e o estresse. As árvores fornecem habitat, comida e proteção a animais, aumentando a biodiversidade urbana (GIC, 2015; FAO, 2016).

O QUE FOI FEITO - O INVENTÁRIO DA ARBORIZAÇÃO URBANA NAS CALÇADAS DO BAIRRO DO CENTRO DE SÃO BORJA-RS

A equipe do Laboratório de Gestão Ambiental Aplicada (LAGEAA) está empenhada desde 2019 em realizar um inventário da arborização urbana no centro da cidade de São Borja-RS. O LAGEAA avaliou as condições morfométricas, ambientais, de danos e de manejo de todos os indivíduos arbóreos (árvores e arbustos) existentes nas vias públicas (calçadas) no bairro do centro. Especificamente foram diagnosticadas em uma ficha de campo 32 características de cada indivíduo arbóreo existente nas 210 quadras que compõe o bairro do centro. O objetivo deste estudo foi fornecer dados precisos das condições da arborização urbana nesta área da cidade para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e para os moradores.


O conhecimento dos dados permitirá com que os gestores públicos possam planejar suas ações em arborização baseados em critérios técnicos (p.ex.: quais as ruas que possuem as melhores e as piores coberturas por arborização, quais as árvores que estão plantadas corretamente e quais as que atrapalham a infraestrutura/ocasionam riscos iminentes na cidade, quais as espécies exóticas, raras, ameaçadas, etc.). Conhecer em detalhes a sua arborização e promover a correta gestão deste recurso natural acarreta diretamente na qualidade de vida urbana.


Além disso, os dados do inventário foram disponibilizados (em partes) para toda a comunidade interligada na rede mundial de computadores por meio do software denominado ARBO-SB. Espera-se que estas informações disponíveis sirvam de um canal de contato e de incentivo para outros gestores públicos municipais e pesquisadores para que estabeleçam parcerias para realizarem seu inventário em âmbito municipal. Além disso, a disponibilidade de informações on-line favorece a transparência, produtividade, eficiência e representa uma das melhores práticas internacionais de administração pública.

FIGURA 1. sistema arbo-sb com os 32 Ítens da ficha de campo do inventário.

2.346

Árvores Cadastradas

175

Espécies de Árvores

45

Quadras Mapeadas

23

Ruas Mapeadas

O QUE AINDA DEVEMOS FAZER

Criamos um canal de contato com os usuários e a equipe do LAGEAA para aumentar a participação dos moradores na gestão urbana. Assim, canais de dúvidas, críticas, sugestões permitirão com que os moradores do bairro do centro entrem em contato e tirem suas dúvidas quanto às melhores formas de gestão da arborização urbana, quais as árvores existentes, como podem participar diretamente do projeto atualizando algum dado medido erradamente ou ocorrência de alguma mudança na arborização, requisição gratuita de auxílios para laudos de licenciamento ambiental para remoção de árvores, etc. Neste ano de 2021 buscaremos uma parceria com as escolas municipais para propor atividades de ensino com os dados disponíveis no sistema ARBO-SB.


Em 2022, vamos planejar o inventário e mapeamento das árvores em todas as praças urbanas da cidade. Espera-se que, no futuro próximo, que este inventário possa incentivar a construção de um Plano Diretor da Arborização Urbana em conformidade com as normas e legislações vigentes. De acordo com o Ministério Público do Paraná (MPPR, 2018), o Plano Diretor de Arborização Urbana é um documento oficial do município que legitima e descrevem as ações referentes à gestão, implantação, plantio, manutenção e monitoramento das árvores urbanas. As ações de um plano de arborização podem servir tanto para intervir na arborização já existente, como para atuar em áreas que ainda não possuem arborização. Trata-se, além de uma obrigação legal, de um instrumento eficiente de gestão municipal cuja aplicação resulta invariavelmente na melhoria da qualidade de vida por meio da aplicação responsável dos recursos públicos disponíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, D.N.; RONDON NETO, R.M. 2010. Análise da arborização urbana de três cidades da região norte do Estado de Mato Grosso. Acta Amazonica, Vol. 40(4): 647 - 656.


ARAUJO, M.N. de. Sample tree inventory system – City of East Lansing, Michigan. In: MICHIGAN MUNICIPAL LEAGUE (Ed.). The Michigan local officials’ handbook for urban and community forestry. Ann Arbor, MI, 1992. p. II: 15-16.


ARAUJO, M.N.; ARAUJO, A.J. 2016. Arborização Urbana. CREA-PR. Série de Cadernos Técnicos da Agenda Parlamentar. 43p.


FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). 2016a.Guidelines on urban and peri-urban forestry. Roma: FAO ForestryPapers, n 178. 158p.


AGIC (GREEN INFRASTRUCTURE CENTER, Inc.) 2015. How doTreesBenefitYou? Disponível em: https://www.wilmingtonnc.gov/home/showdocument?id=5270. Acesso em: 1 fevereiro 2019.


GOMES, P.B. 2012. Manual para elaboração do Plano Municipal de Arborização Urbana. Curitiba: Ministério Público do Estado do Paraná. 18p.


MILLER, R.W. 1997. Urban Foresty - Planning and Managing Urban Greenspaces. 2ªEd. Prentice Hall. 502p


MPPR (Ministério Público do Estado do Paraná). 2018. Manual para elaboração do plano municipal de arborização urbana. 2 Ed. Curitiba: Ministério Público do Estado do Paraná. 65p.


SMVMA (Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente). 2015. Manual Técnico de Arborização Urbana, 3 Ed. São Paulo: 124p.


VALLE, D.S.; KILCA. R.V. 2019. 2° Relatório do diagnóstico da arborização urbana nas calçadas das vias públicas do bairro do centro, São Borja-RS. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul/Laboratório de Gestão Ambiental Aplicada - Unidade São Borja, São Borja. 52p.

OUTROS ASSUNTOS

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INVENTÁRIOS DE ARBORIZAÇÃO URBANA EM DIFERENTES CIDADES DO MUNDO

Los Angeles (USA) - https://streetsla.lacity.org/tree-inventory

Portland (USA) - https://www.portlandoregon.gov/parks/article/433143

New York (USA)- https://tree-map.nycgovparks.org/

Amsterdam (NE) - https://maps.amsterdam.nl/bomen/?LANG=en

London (UK) - https://www.london.gov.uk/what-we-do/environment/parks-green-spaces-and-biodiversity/trees-and-woodlands/london-tree-map

United kingdom - https://urbantreecover.org/

Outras cidades do mundo - http://senseable.mit.edu/treepedia

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